quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Eu vim plantar meu castelo naquela serra de lá, onde daqui a cem anos vai ser uma beira-mar...

Vi a cidade passando, rugindo, através de mim...Cada vida era uma batida dum imenso tamborim. Eu era o lugar, ela era a viagem. Cada um era real, cada outro era miragem. Eu era transparente e era gigante. Eu era a cruza entre o sempre e o instante. Letras misturadas com metal e a cidade crescia como um animal, em estruturas postiças, sobre areias movediças, sobre ossadas e carniças, sobre o pântano que cobre o sambaqui... Sobre o país ancestral...Sobre a folha do jornal... Sobre a cama de casal onde eu nasci.

Eu vim plantar meu castelo naquela serra de lá, onde daqui a cem anos vai ser uma beira-mar...

A cidade passou me lavrando todo... A cidade chegou me passou no rodo...Passou como um caminhão, passa através de um segundo, quando desce a ladeira na banguela... Veio com luzes e sons. Com sonhos maus, sonhos bons. Falava como um camões, Gemia feito pantera. Ela era...Bela... fera.
Desta cidade um dia só restará o vento que levou meu verso embora... Mas onde ele estiver, ela estará: Um será o mundo de dentro, será o outro o mundo de fora.
Vi a cidade fervendo na emulsão da retina. Crepitar de vida ardendo, mariposa e lamparina. A cidade ensurdecia, rugia como um incêndio, era veneno e vacina...

Eu vim plantar meu castelo naquela serra de lá, onde daqui a cem anos vai ser uma beira-mar...

Eu pairava no ar e olhava a cidade, passando veloz lá embaixo de mim. Eram dez milhões de mentes, dez milhões de inconscientes, se misturam... viram entes...Os quais conduzem as gentes como se fossem correntes dum rio que não tem fim?
Esse ruído são os séculos pingando...E as cidades crescendo e se cruzando, como círculos na água da lagoa.
E eu vi nuvens de poeira... E
vi uma tribo inteira fugindo em toda carreira, pisando em roça e fogueira, ganhando uma ribanceira... E a cidade vinha vindo.
A cidade vinha andando, a cidade intumescendo: Crescendo... se aproximando.

Eu vim plantar meu castelo naquela serra de lá, onde daqui a cem anos vai ser uma beira-mar...


(Lenine_Lá Vem a Cidade )

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O inseto, o gato, o cãozinho, a caixa e o menino

Um poeta escrevia bonitos versos, sentado no banco de uma praça.
Foi quando um pequeno inseto veio lhe tirar o sossego:

_Ah, inseto insignificante! Deixe-me escrever coisas grandiosas aqui no meu sossego!

Esbraveou o poeta ao inseto, que reunido a sua insignificância, foi embora.
O poeta continuou então a escrever seus versos, até que um gato veio a se passar pelas suas pernas.

_Gato chorão, não tenho tempo para te dar carinho, já dediquei todo o meu carinho aos meus versos. Saia daqui imediatamente!

O gato, sem mais delongas, havia entendido o recado e foi procurar outra pessoa... uma que tivesse mais tempo.
O poeta, então, voltou a esboçar amor em papel, quando um cãozinho começou a latir para o poeta. O cãozinho parecia se comunicar com o poeta, chamava-o para brincar pela praça.

_Ô seu vira-lata, vê se eu tenho idade de criança, se eu ainda acho graça nessas coisas pueris.

O cãozinho botou o seu rabinho entre as pernas e seguiu seu rumo.
Foi então, que trazida pelo vento, uma caixa de papelão bateu nas pernas do poeta, que rapidamente bradou aos 4 cantos da praça.

_Que desgraça, será que nem os ventos dessa praça miserável vão me deixar em paz para que eu possa escrever. Eu só queria silencio no mundo, para que pudesse inventar meus sentimentos e passa-los para o papel.

_Senhor poeta.

Uma voz doce e infantil surgia no meio de tanta grosseria, era um menino sujinho, sujinho.

_O que é, filhote de mendigo?
_O senhor, não quer ser meu pai por esse final de tarde? Acho que o senhor precisa de sentimentos verdadeiros, mesmo que fossem por um final de tarde.
_Moleque atrevido, veja lá se eu um poeta majestoso precisaria da sua ajuda. Suma da minha frente, leve com você essa caixa e procure por essa praça seres a sua altura e que precisem de você. Procure um inseto, um gato carente e vira-lata que queria brincar. Vocês se completam perfeitamente, fazem coisas pequenas e idiotas.
_Tudo bem, senhor poeta. Só queríamos ajudar.
_Não preciso de ajuda, nem de amor ou coisas parecidas. Depois de um certo tempo você só precisa saber mentir.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Eu Chamo de Tortura Recíproca, Outros Chamam de Poeira

Morena, essa sua dor é grande.
Imensurável, rogador gigante
Ai, como é bonito seu sorriso
Ai, me lembra o paraíso
Não sei como te fazer sorrir

Sei não, se é um xote ou um baião
Tem-se sorte ou não tem não
Se for lamento pra minha oração
Vem cá, espera o choro cessar
Essa poeira baixar
E sua sandália vai levantar

Riqueza, me lembro daquela noite
Afogavam-nos em ilusões
Você encarava como um castigo
Eu faria o que preciso
Pra te ver mais uma vez sorrir

Sei não, se é um xote ou um baião
Tem-se sorte ou não tem não
Se for lamento pra minha oração
Vem cá, espera o choro cessar
Essa poeira baixar
E sua sandália vai levantar

Uma poeira de alegria

"Você não sabe o que eu faria pra te fazer sorrir, pra te beijar, abraçar e te sentir mais uma vez. Você não pode mensurar, morena. Como queria voltar no tempo e ver você mais uma vez em meus braços... "

Sei não, se é um xote ou um baião
Tem-se sorte ou não tem não
Se for lamento pra minha oração
Vem cá, espera o choro cessar
Essa poeira baixar
E sua sandália vai levantar

Uma poeira de alegria

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Guerra Santa

Ele diz que tem, que tem como abrir o portão do céu
ele promete a salvação
ele chuta a imagem da santa, fica louco-pinel
mas não rasga dinheiro, não

Ele diz que faz, que faz tudo isso em nome de Deus
como um Papa na inquisição
nem se lembra do horror da noite de São Bartolomeu
não, não lembra de nada não

Não lembra de nada, é louco
mas não rasga dinheiro
promete a mansão no paraíso
contanto, que você pague primeiro
que você primeiro pague dinheiro
dê sua doação, e entre no céu
levado pelo bom ladrão

Ele pensa que faz do amor sua profissão de fé
só que faz da fé profissão
aliás em matéria de vender paz, amor e axé
ele não está sozinho não

Eu até compreendo os salvadores profissionais
sua feira de ilusões
só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz
deixa o outro vender limões

Um vende limões, o outro
vende o peixe que quer
o nome de Deus pode ser Oxalá
Jeová, Tupã, Jesus, Maomé
Maomé, Jesus, Tupã, Jeová
Oxalá e tantos mais
sons diferentes, sim, para sonhos iguais

(Gilberto Gil)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Três Marias

Três estrelas, como as Marias

Rainhas do céu

Que clareiam minha vida

Meu terno, sem chapéu


O que fazer? O que falar?

Se temos tão pouco tempo e tanta coisa pra mostrar

Eu resolvi então cantar

Para vocês ouvirem e no coração guardar


Que o céu é longe, tão longe

Longe da minha mão

Mas, por vocês

Fica perto do meu coração


Que bate forte por vocês

Confesso estrelinhas, eu queria ai estar

Mas, se Deus me levar,

Se preciso for, no seu céu eu vou morar


Iluminar a noite do inseto no céu

No horizonte, as princesinhas, meu sapato e seu véu

sábado, 9 de agosto de 2008

Bom Dia

Essa menina de sorriso clareante
Brilho distante no olhar
Palavras doces e sarcasmo maroto
Guardada no músculo de vida

Essa menina olha pra min no meio do passeio
Passo por ela e recebo um abraço quente
Crente que é só por pouco tempo
Mas o calor é eterno no músculo de vida

Não finja, não briga e seja gentil
De bom dia durante o dia
Mesmo que seja noite ainda é dia
Gosto de lembrar como ela sorria

Todo o dia fica
Melhor com o seu bom dia
Seja vida em sorriso no músculo de vida

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Antítese

Telefones inúteis só me deixam contas a pagar

Não vou esquecer sua voz e deixar a chama apagar

Não sei qual era o problema, seria você

Ou sua vontade obsessiva de saber porque

Nunca havia esquecido a passado


Agora veja bem o que está a sua volta

Não falo desse seu recomeço idiota

Falo do vazio que minhas palavras causam na sua vida

Coisas que você nunca assumiria


Sonhos são ruins, só fazem você não ver a verdade

Sonhos são ruins, fazem você deixar a vida pra trás

Só peço a Deus que te faça morrer sozinha

Meu ultimo pedido será que morra sozinha


Não é o que parece, são apenas palavras

São como os sentimentos, podem ser apagadas

Através da noite eu ia a seu encontro para uma utopia

Através da noite eu sonhava e descobria

Que sonhos são ruins


Não durma agora, alguém pode te sufocar

Escute-me agora, hoje eu posso falar

Que não era amor e sim algo mágico para se segurar

Mas mágica só faz sentido quando sonhamos


E sonhos são ruins, só fazem você não ver a verdade

Sonhos são ruins, fazem você deixar a vida pra trás

Só peço a Deus que te faça morrer sozinha

Meu ultimo pedido será que morra sozinha


sábado, 26 de julho de 2008

No telhado de Cartola


Preciso me aquietar, preciso me conformar

Que não me importo com você

Insisto em tocar em pontos complicados

Preferia trocar todo o tempo com você

Pelas telhas do meu telhado


É tão diferente, chega a ser vulgar

Mas, estando em meu lugar

O que farias tu?


Sei que não ligo, mas me ligo em seu sorriso

Sei que não choro, mas me prendo em seus olhos

Sei que está errado, mas quem escreveu essas leis?


Onde já se viu juiz qualquer ajudar um bandido

Bandido pobre, pobre bandido banido

Dos seus sonhos, porque razão?


Nunca tocarei no seu coração

Nem mesmo sei se quero, não

Acho que quero, ou sei lá


Sonho em te ver dormir sem ter medo da minha presença

Sonho, pois sonhar é valido pra quem vive ou quer viver

Mas vejo em tudo isso que sou um desgraçado

Que faz as coisas sem estar errado, ou não


As vezes não consigo ver alguém bem

Então, passo a Deus a missão de fazer você falhar

E que seja meu por direito o brilho dessa estrela


Que brilhe no meu céu

Onde tudo é incerto

Mas quem gosta de casa de concreto?


Quem precisa de telhado?

Quem jogaria por água a baixo

Um lugar do seu lado?


Continuo a historia de Cartola...

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Acaba virando musica



















cara, sabe quando você fica atormentado pelas coisas que você pensa? to me sentindo assim ultimamente.
sabe o que me deixa bolado? é que bem no fundo eu sei que é tudo um bobeirada, mas eu fico bolado e com um puta dor de cabeça pra querer saber o que vai acontecer, se bem que eu já sei o final...
vou escrever mais pra mais pessoas.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Brigitte Bardot

A saudade é um trem de metrô
subterrâneo obscuro, escuro claro
é um trem de metrô.
A saudade é prego parafuso
quanto mais aperta, tanto mais difícil arrancar
A saudade é um filme sem cor
que meu coração quer ver colorido

A saudade é uma colcha velha
que cobriu um dia, numa noite fria
nosso amor em brasa
A saudade é Brigitte Bardot
acenando com a mão,
num filme muito antigo

A saudade vem chegando
A tristeza me acompanha!
Só porque... só porque...
O meu amor morreu
Na virada da montanha
O meu amor morreu
Na virada da montanha
E quem passa na cidade
Vê no alto
A casa de sapé
Ainda...
A trepadeira no carramanchão
Amor-perfeito pelo chão
Em quantidade...

(Zeca Baleiro)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A Chuva Não é Eterna



Essa criança pequenina se esforça o máximo que pode
A única coisa que quer é se adaptar aos outros
Ela quer que sejam amigos dela
Ela fará tudo o que pedirem para ela
Para ganhar um sorriso deles ela faria coisas erradas
Mas todo tempo eles debocham dela

Então ela chora porque acha que ninguém gosta dela

Mesmo que você se sinta só, não chove todo o dia
A chuva vai passar
O dia pode estar fechado, mas eu sei, não chove todo o dia
A chuva não é eterna

Um jovem trabalha em todos os dias de sua vida
Por seu filho qu
e vai nascer e sua linda mulher
Mas hoje ligaram para ele do trabalho
Tinham uma coisa para contar a ele
Ele foi mandado para a rua

Ele tem que fazer o que for preciso
Para sua família poder com
er
Nem consegue olhar para sua mulher
Porque acha que falhou com sua família

Mesmo que você se sinta só, não chove todo o dia
A chuva vai passar
O dia pode estar fecha
do, mas eu sei, não chove todo o dia
A chuva não é eterna

A jovem esteve um pouco perdida

Mas agora está bem, está grávida
Finalmente ela tem o que quer
Ela tem alguém que a ama

Hoje ela acordou mal
O corpo dela tinha que dizer

Ela soube imediatamente
Então começou a chorar
Pois não seria mais mãe

Mesmo que você se sinta só, não chove todo o dia
A chuva vai passar
O dia pode estar fechado, mas eu sei, não chove todo o dia
A chuva não é eterna


Ele era tão confiante do amor dela
Que não se deu o trabalho de amá-la

Já que ela era cega
Mas quando ela recuperou a visão

Viu que ele não merecia o sacrifício


Mesmo que você se sinta só, não chove todo o dia
A chuva vai passar

O dia pode estar fechado, mas eu sei, não chove todo o dia
A chuva não é eterna

Ela achava tudo impossível
Fazia ele se sentir errado por sonhar alto
Então, ele desacreditou dos sonhos

Ela conseguiu convence-lo, mas não o que queria
Ela também gostava de sonhar

Já passou da hora de acordar
Nada é insuportável, insubstituível ou eterno

A dor nunca é pra sempre
Eu sei, porque já passei por isso
Acaba tudo bem e o Sol brilha pra todos

Mesmo que você se sinta só, não chove todo o dia
A chuva vai passar
O dia pode estar fechado, mas eu sei, não chove todo o dia

A chuva não é eterna

o chove todo dia, a chuva vai passar...
Me espere, deixe a chuva cair.
Caia sobre mim.



(Sonny Sandoval)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Vamos começar!
Isso não será um espaço poético, nem nada parecido a julgar pelo nome. Eu usei o nome porque eu gostava do meu antigo fotolog. Usei o blog para escrever coisas que eu to pensando no momento, sobre a atualidade, sobre o passado, sobre o que EU quiser falar.. Afinal o blog é meu, logo, não é nada democrático.

Hoje eu tenho muito a dizer, mas to atrasado. Então, fica pro próximo post.

Beijos criançada.